Ex-aluna da Panamericana faz sucesso no mundo da moda transformando arte em estampas

Kika Simonsen reúne as habilidades que aprendeu em três cursos diferentes, incluindo o de Artes Plásticas da Panamericana, para desenvolver a identidade única de sua marca homônima.

Artista visual, designer gráfica e estilista, Kika Simonsen transforma arte em estampas para peças de roupas cheias de referências e cores. A paulistana fundou sua própria grife em 2015 e desde então desenvolve padronagens em telas pintadas à mão para depois passá-las para suas criações no tecido. Formada em design gráfico pela FAAP, Kika também cursou moda no IED e fez o curso de Artes Plásticas na Panamericana. Hoje, usa as habilidades que aprendeu nos três cursos para desenvolver a identidade única de sua marca homônima. 

“Eu sempre quis trabalhar com arte ou moda, com algo em que eu pudesse dar vazão à minha criatividade. Então as minhas escolhas acadêmicas sempre foram no caminho de encontrar um ofício que eu achasse prazeroso. Sempre gostei muito de trabalhar com imagem, comunicação visual, de desenhar e de criar por meio de processos manuais. Tudo o que eu faço com as mãos, eu gosto. Amo pintar. Desde criança eu já gostava de arte, minha veia artística era latente. Minha primeira exposição aconteceu ainda durante a escola, quando eu tinha 18 anos e eu sabia que era esse caminho que eu queria seguir. O que eu não sabia, na época, é que eu poderia trabalhar com arte e moda ao mesmo tempo”, conta a designer. 

A descoberta da possibilidade de reunir moda, design e arte em um mesmo ofício aconteceu exatamente quando Kika decidiu, depois de ser formar em Design Gráfico, que queria estudar artes e escolheu a Panamericana para isso. “Quando eu me formei na FAAP, decidi cursar Artes Plásticas. Eu tinha muita vontade de me aprofundar no campo das artes visuais e ao mesmo tempo em moda, porque apesar de o Design Gráfico ter me ensinado muita coisa, eu não queria ser designer gráfica, a não ser que me trabalho fosse com estamparia. Eu não queria ir para o lado de desenvolver embalagens, identidades visuais ou coisas para outras pessoas, tendo que me moldar às demandas de outras pessoas. Eu queria fazer algo que me desse total liberdade para usar a minha criatividade, por isso escolhi a Panamericana”, relembra.

Foi durante o curso da Panamericana que Kika criou sua primeira peça de roupa, quando decidiu que faria o seu próprio vestido para ir a um casamento: “As coisas na minha trajetória foram acontecendo conforme eu fui me descobrindo. Eu fiz o IED e a Panamericana ao mesmo tempo. Eu estudava moda de manhã e artes plásticas na Panamericana à tarde. Na época, eu estava tendo aulas sobre cubismo na Panamericana e criei uma tela que eu acabei transformando em uma estampa para a roupa que usaria em um casamento. Eu amei o resultado. A estampa que eu fiz a partir de algo que eu mesma havia pintado ficou meio 3D. Foi naquele momento que eu entendi que era possível unir as duas coisas que eu amava em um único trabalho”.

“Depois da Panamericana eu passei a desenvolver minha própria poética como artista e resolvi investir em ser artista e estilista. Abri minha própria marca de roupas usando em minhas criações o know how que eu tinha aprendido nos três cursos. Foi a maneira que eu encontrei de trabalhar com moda e arte ao mesmo tempo. Eu sou diretora criativa da minha marca. É uma marca que conta histórias. No meu trabalho eu transformo minhas experiências de vida em estampas e roupas. Eu desenho todas as coleções usando o meu lado estilista, crio estampas de forma artística, usando minhas habilidades de artista plástica e edito essas estampas digitalmente, usando o meu lado de designer gráfica”, conta Kika. 

Para criar suas coleções slow fashion, Kika sempre escolhe temas relacionados à suas experiências de vida. Uma de suas últimas coleções começou a ser pensada durante uma viagem da estilista ao México: “Eu me encantei muito pela cultura do dia dos mortos, pelos alebrijes, que são aquelas esculturas de animais fantásticos e místicos, e pintei 4 telas diferentes relacionadas à essa cultura. Eu uso o meu processo criativo até como uma maneira de entender o mundo ao meu redor. Só depois de criar as telas que viram estampas, eu começo a criar os desenhos da coleção. Porque eu preciso primeiro ver as estampas prontas para entender onde elas se encaixarão bem. Faço todas as modelagens inspiradas no tema da coleção. Por exemplo, se o tema for mais orgânico, as linhas das peças precisam ser mais arredondadas. Se é um tema mais urbano as linhas devem ser mais retas e por aí vai”.

Kika explica que sua marca tem conceito muito específico e não é uma grife super comercial que agrada todo mundo. Ainda assim, seu nome passou a ser reconhecido no universo da moda e a designer conseguiu em pouco tempo consolidar seu nome como uma estilista moderna que une a singularidade da arte com o estilo de uma designer contemporânea: “Eu penso muito no processo, no dia a dia. Eu não criei a marca com essa pretensão de ser reconhecida. Isso foi acontecendo durante o caminho. Meu propósito era criar algo que eu gostasse. Vai parecer meio clichê eu dizer, mas eu de fato acredito que você precisa fazer o que você ama para que os resultados venham com o tempo”.

Da Panamericana, Kika traz aprendizados que usa até hoje em seu processo criativo: “A Panamericana estimula muito a criatividade, faz pensar fora da caixa e ajuda a gente aprimorar a nossa linguagem através das possibilidades que a gente vai aprendendo. A base do meu trabalho vem das técnicas que aprendi ali na escola. O foco do curso no autoral, somado à minha bagagem e à minha experiência me ajudou a desenvolver a minha identidade artística. Acho que aprender artes visuais na Panamericana é bom até para quem não tem intenção de seguir carreira como artista, mas quer desenvolver a criatividade para usar em qualquer outra área da economia criativa”.

Questionada sobre que conselho daria para quem está começando uma trajetória no mundo da moda e das artes, Kika ressaltou a importância de ter paciência e estudar. “Começar uma marca do zero é muito difícil. Se eu pudesse, com a bagagem que eu tenho hoje, conversar comigo mesma na época em que eu estudei na Panamericana, eu diria para aquela Kika ter paciência e estudar bastante para evitar erros desnecessários. Diria para ela aproveitar bem todas as experiências do curso que ela escolheu. Também aconselharia que ela não ficasse se cobrando para se encaixar em um padrão e sim valorizasse o diferencial. Explicaria que o importante é focar no que se tem de único”, finaliza a artista. 

 

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