Mídia Impressa X Mídia Digital: Concorrentes ou complementares?

Descubras as principais diferenças entre os dois tipos de mídia e porque o digital não substituiu o impresso, apesar da transformação digital

Muito se especulou sobre os efeitos que a chamada “era digital” causariam às mídias impressas. Com os avanços das tecnologias apocalipse do impresso passou a ser alardeado aos quatro cantos. As gráficas seriam extintas, impressoras virariam itens de museus e a internet e os meios digitais iriam exterminar definitivamente as publicações físicas. Cerca de duas décadas se passaram e nada disso se tornou real.

Mas por que enquanto algumas empresas de mídia impressa perderam espaço, e até faliram, outras conseguiram não apenas se manter, como também crescer? A resposta é simples: quem soube se adaptar à transformação digital, se preparou para ela e integrou suas versões impressas às digitais, sobreviveu.

O impresso e o digital hoje dividem espaços. A ameaça de extinção tirou as mídias impressas da zona de conforto e fez muitas delas se reinventarem. Apesar das mudanças e do impacto criados pela transformação digital, o mercado impresso conseguiu se restabelecer depois da crise e está, inclusive, ganhando forças e crescendo.

Um bom exemplo disso foi o crescimento da circulação de três dos maiores jornais do país em 2019. Dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC) apontam que, no ano passado, a média das circulações da “Folha de S.Paulo”, “O Globo” e “Super Notícia” cresceu – respectivamente 6,4%, 7,2% e 3,1% – na comparação com a média anual de 2018. E se engana quem pensa que esse aumento aconteceu apenas no setor de assinaturas digitais. Para esse cálculo, o IVC considera a soma dos dados de circulação impressa com os de circulação digital.

É fato que nos dias de hoje consumimos muito conteúdo por meio de telas. O universo digital abrange diversas funções, da socialização à comunicação, do trabalho ao lazer, da alimentação à localização. Ele segue evoluindo, se transformando. Tudo o que é impresso, em contrapartida, permanece imutável, e consequentemente é considerado mais seguro.

No digital troca-se posse por acesso, e exatamente por isso ele jamais substituirá o impresso. Até porque, estamos estressados com um número crescente de transtornos mentais ligados ao uso de redes sociais. O impresso tem entre suas vantagens o fato de evitar interferências de notificações com seus números vermelhos pensados para incomodar e gerar ansiedade.

Além disso, o digital facilmente pode se tornar pasteurizado, enquanto as particularidades do impresso podem ser utilizadas a seu favor por meio de diferentes experimentações. Escolhas tipográficas atraentes, margens confortáveis, o formato, papel e a encadernação, por exemplo, podem trazer outras nuances para as narrativas.

Uma pesquisa realizada recentemente pela empresa especializada Toluna, em 10 países (Brasil, Austrália, França, Alemanha, Itália, Nova Zelândia, África do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos), concluiu que os consumidores confiam, desfrutam e obtém um entendimento mais profundo das informações quando elas são impressas. Isso porque os meios digitais causam fadiga e geram preocupação com a segurança e a privacidade. Resumindo, dependendo da situação, a mídia tradicional pode ser mais engajadora.

Em 2017, o PublishNews realizou uma série de matérias especiais que mapearam o mercado de livros em seis países: Alemanha, Espanha, EUA, França, Japão e Reino Unido, e o digital não substituiu o impresso em nenhum deles. Nos Estados Unidos, por exemplo, as vendas de livros impressos cresceram 1,9% na comparação com 2016. Já os digitais tiveram queda de 4,4% só no primeiro semestre de 2017.

Aqui no Brasil, no início desse ano, a GfK – empresa que monitora a venda de livros em livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento – publicou a primeira edição do relatório que acompanha a evolução mensal do varejo de livros no Brasil que constatou um crescimento de 8,2% em volume e de 5,7% em valor, em relação ao mesmo período de 2019.

É claro que a tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas, e isso não irá mudar. O acesso à informação por meios digitais, como a internet, as TVs por assinatura e painéis digitais, são um meio fácil acessível a uma grande parte da população. Mas a mídia impressa, representada por jornais, revistas, cartões, convites, malas-diretas e folders, entre outros, continua eficiente como forma de atingir este mesmo público.

A internet criou uma proximidade fundamental do público com as empresas, no marketing e na publicidade de muitas delas, por meio de sites e redes sociais. Porém, o impresso ainda tem muita influência na decisão de compra dos usuários. As versões digitais dos meios de comunicação são um absoluto sucesso de público, mas os impressos não só ainda existem como se recriaram. Por isso, ao contrário do que se imaginou há alguns anos, as mídias impressas não serão extintas tão cedo. O digital veio, sim, para ficar, e se tornou parte de nossas vidas de maneira irreversível. Mas ele não substituiu e nem substituirá o impresso, porque a verdade é que os dois tipos de mídias se tornaram complementares, sendo cada uma delas eficiente em diferentes funções.

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