Formada pela Panamericana, fotógrafa transformou projeto de conclusão de curso em carreira bem-sucedida

Há cinco anos, Andrea Goldschmidt viaja o Brasil fotografando festas populares e fez com que o que seria um hobby virasse um trabalho que rende frutos até hoje

Quando abriu mão da carreira de executiva e resolveu investir no curso de Fotografia da Panamericana, Andrea Goldschmidt não tinha nenhuma pretensão de se tornar fotógrafa profissional. A ideia, segundo ela, era se dedicar a um hobby do qual sempre gostou e aprender como fazer fotos melhores como uma forma de diversão. Hoje, cinco anos depois de ter se formado, a fotógrafa dá continuidade ao projeto que teve início como trabalho de conclusão de curso na escola.

Andrea fotografa festas populares e já viajou por todas as regiões do Brasil fazendo registros de cerca de 40 diferentes celebrações tipicamente brasileiras. As imagens já fizeram parte de diferentes mostras, e foram expostas em lugares que vão desde galerias até em uma estação de metrô em São Paulo. Além das exposições, a profissional vende suas fotografias como objetos de decoração, já lançou uma linha de echarpes com as imagens impressas e teve seu último projeto, a produção de um web documentário sobre a festa do Divino do São Luiz do Paraitinga, financiado pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo por meio do PROAC.

“A ideia original não era construir uma carreira de fotógrafa, mas isso acabou acontecendo naturalmente. Hoje eu estou completamente envolvida com projetos relacionados à fotografia e trabalho full time com isso, exatamente como na época em que eu tinha uma empresa. Esses trabalhos tomam de fato todo o meu tempo, mas de uma forma muito mais criativa e muito mais divertida do que quando eu trabalhava como executiva. Então no fim, o que aconteceu foi mesmo uma mudança de carreira. Eu consegui coisas que eu nem sabia que existiam, e mesmo quando soube que existiam eu não pensava que seriam possíveis, como por exemplo esse ultimo projeto da festa do Divino estar sendo financiado pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, que é algo que me deixou super feliz”, conta ela.

Para Andrea, a Panamericana teve papel fundamental na decisão de transformar o hobby em profissão e influenciou sua visão sobre o papel da fotografia no mundo, além de estimular seu olhar autoral. “Eu entrei no curso pensando exclusivamente na parte técnica. Queria aprender a mexer com a luz, a montar estúdio, a fazer fotos melhores. Eu não tinha me dado conta que o foco principal da escola era trabalhar a fotografia como um projeto autoral, trabalhar fotografia como arte, que era uma coisa que eu nunca tinha pensado muito. Nesse sentido a escola abriu muito a minha visão sobre as possibilidades relacionadas à fotografia. Eu percebi que mais do que um registro, mais do que uma coisa documental como eu pensava até então, a fotografia poderia ter o poder de despertar emoções e de realmente funcionar como a arte, trazendo aspectos importantes da vida para o centro de discussões criadas a partir de determinado conjunto de imagens. Isso mudou um pouco a minha visão sobre a questão de poder de fato transformar isso em uma carreira. A partir do momento que eu pensei na fotografia como algo que poderia ser uma forma de expressão, ela começou me interessar como carreira”, explica.

E foi na escola que a ideia de fotografar festas populares, suas diferenças, curiosidades, e os costumes típicos de cada um dos lugares de Brasil onde elas acontecem, começou a tomar forma. “Pensar, planejar e executar um projeto, mesmo na época tendo sido uma pressão muito grande, terminou se tornando um grande desafio que resultou no trabalho ao qual eu me dedico até hoje. Na ocasião, eu não sabia por onde começar e nunca tinha feito nada parecido e nunca nem tinha pensado que a que a fotografia poderia ter esse tipo de resultado. Foi a partir dessa decisão de registrar algumas festas populares para um projeto autoral de conclusão de curso para a Panamericana, que a minha vida se transformou”, revela Andrea. 

Quando começou a fotografar as festas, Andrea não tinha um critério muito rigoroso para definir quais iria registrar e as escolhia a partir do calendário. “Com o passar dos anos, eu comecei a entender um pouco melhor que celebrações me interessavam mais e o porquê, o que eu achava que faltava dentro desse conjunto de festas que eu já havia fotografado. A partir daí, isso começou a se transformar de verdade num projeto mais autoral, bem focado no tipo de discussão eu quero suscitar, nas razões pelas quais fotografar dessa ou daquela forma é mais interessante. Essa sementinha do projeto autoral sem dúvida foi plantada na minha cabeça durante o curso da Panamericana. A capacidade de executar as coisas, dentro das possibilidades que eu enxergo, para trazer as emoções como eu quero, também veio a partir das técnicas que eu aprendi durante o curso”, diz a fotógrafa.

Ao longo dos anos, o projeto foi se transformando e crescendo, até ultrapassar os limites da fotografia e se tornar algo maior. “Com o tempo, eu comecei a envolver outros tipos de mídia nos meus trabalhos, como fotografias e vídeos 360 graus, realidade aumentada, que junta animação com fotografia, cenotipia, etc. O projeto que eu estou mais envolvida nesse momento é a produção de um web documentário sobre a festa do Divino do São Luiz do Paraitinga, que contará também com uma exposição. Enfim, foram surgindo nessa jornada outras tecnologias, outros modelos de trabalho que se somam à fotografia e que obviamente a têm como base. Para fazer vídeos, por exemplo, saber fotografar é muito importante, e ajuda muito na decisão de onde filmar, de qual enquadramento usar, e no conhecimento sobre a que forma essas coisas ajudam a transmitir uma mensagem de uma maneira ou de outra”, conta.

Andrea acredita que o método de ensino da Panamericana e todas as coisas que aprendeu no curso a ajudaram, inclusive, a desenvolver esses novos projetos que vão além da fotografia, além de ter feito amigos para a vida toda na escola. “A Panamericana me mostrou que existem várias formas de lidar com imagens fotográficas e me deu a coragem para, depois de terminado o curso, continuar aprendendo como lidar com outros processos, e como utilizar todas essas ferramentas de uma forma que se incorporem aos meus projetos autorais, e me ajudem a transmitir de uma forma mais completa e mais interessante a mensagem que eu quero transmitir. A escola também foi muito importante porque me deu a oportunidade de conhecer outros fotógrafos e criar um grupo que até hoje troca ideias e se apoia mutuamente. Eu tenho um vínculo bastante forte algumas pessoas que estudaram comigo na escola. Costumamos sair juntas para uma olhar o trabalho da outra e opinar, ajudar a pensar em que rumos cada projeto pode tomar”, finaliza Andrea.

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