Ex-aluna da Panamericana fala sobre como a escola a ajudou em sua transição de carreira

Depois de 15 anos à frente do restaurante da família, Fabiana Valdissera transformou sua vida ao investir no seu sonho de trabalhar com design de interiores

Hoje sócia do seu próprio escritório de design de interiores, o Uzo Design, Fabiana Valdissera demorou para investir em seu sonho de trabalhar na área. Por 15 anos, a designer de interiores gerenciou o restaurante de sua família. “Sempre gostei de arquitetura e design. Mas sempre tive muita dificuldade com matemática, não era uma boa aluna e terminei rompendo com a escola, parei de me interessar. Eu achava que eu não tinha condição nem capacidade intelectual para fazer uma faculdade de arquitetura. Comecei a trabalhar cedo porque queria meu dinheiro. Com 26 anos, assumi o restaurante do meu pai e aquilo foi uma escola para mim. Eu sabia que ali eu não estava me realizando, mas de alguma maneira eu já colocava o design ali. Eu tinha uma questão estética com os pratos, com a comida, com o ambiente. Sempre fui muito preocupada com essa coisa do cuidado com o belo, com esse olhar mais voltado para isso”, conta ela.

Depois de 11 anos à frente do restaurante, Fabiana resolveu que deveria investir no que realmente queria fazer da vida e se matriculou na Panamericana. “O restaurante estava me dando retorno financeiro e muitas experiências positivas, mas não era o que eu queria fazer. Resolvi então fazer o curso de Design de Interiores em paralelo ao meu trabalho. Eu sonhava em vender o restaurante e quem sabe conseguir trabalhar na área. Mas na época era apenas um sonho. Foi uma loucura. Quando a minha segunda filha tinha apenas 8 meses, eu estudava na Panamericana de manhã, corria para o restaurante, chegava meio-dia bombando, entrava no caixa… Fui tocando assim. Eu via outras realidades na Panamericana, completamente diferentes da minha. A sorte é que eu tinha um negócio meu, então eu conseguia flexibilizar”, relembra.

Apesar de toda a dificuldade, a designer de interiores conta que a escolha por fazer o curso transformou sua vida: “A escolha por fazer o curso foi uma decisão importante. Na época eu não tinha noção do quanto seria. Eu encaixei as aulas na minha rotina, e deu super certo. Eu passava madrugadas fazendo os trabalhos, não tinha computador, usava o PC do meu marido, só no último ano eu consegui comprar o meu Mac. No ano em que me formei na Panamericana meu pai havia falecido e eu vendi o restaurante. Entendi que aquilo era um final de ciclo, mesmo. Foi muito bom para mim, me deu estabilidade financeira, dinheiro e autonomia, mas não era o que eu queria da vida”.

Sobre a escolha pela escola, Fabiana revela que estudar na Panamericana sempre foi um sonho: “Eu morei ali na Leopoldo e passava em frente à Panamericana e falava ‘gente, um dia eu vou estudar aqui, é demais!’ Eu achava muito legal, achava o prédio incrível, sabia que ali aconteciam aulas incríveis, e tudo que eu sempre quis. Já namorava a escola há tempos quando resolvi finalmente me matricular. Sempre tive vontade. Minhas brincadeiras de criança sempre foram de construir coisas com objetos, já tinha o design um pouco presente dentro de mim. A vontade floresceu depois do 40 e escolhi a Panamericana para dar início à essa guinada”.

Insegura por conta da sua relação atribulada com o ensino convencional, Fabiana encontrou na Panamericana o incentivo que precisava para seguir adiante com seu sonho. “Eu acho que os imputs dos professores da escola foram me dando forças. Eu era insegura e, por ter tido um histórico escolar muito difícil, nunca achei que poderia ser boa. Os professores da Panamericana me ajudaram a enxergar que levava jeito. Conforme eu ia recebendo os feedbacks positivos, isso ia me fortalecendo e eu comecei a acreditar. As aulas foram muito legais, desconstruíram, aprendi muito sobre o que é o design na prática e eu adoro esse tipo de ensino. Eu tenho um pouco essa maneira de olhar o mundo, então para mim fez muito sentido. Tinha uma discussão ali. Eu gostei muito. Foi um curso completo”, conta ela.

Vencedora de dois Job Trainings enquanto esteve na escola, a designer de interiores revela que foi a partir desses trabalhos que sua carreira na área teve início: “Vencer os job trainings foi o que me fez perceber que eu poderia realmente fazer isso da vida. Me deu força mesmo. Além disso, foi na escola que eu encontrei a sócia com quem eu trabalho até hoje, a Carol Sá. Ela não estava no meu grupo de amigas, mas eu a achava moderna, criativa, e sempre pensava em trabalhar com ela. Os trabalhos dela sempre me agradaram, apesar de serem opostos aos meus, então ela era uma pessoa que eu ficava namorando, como a Panamericana, que eu namorei de longe e depois me relacionei. Aí outra colega de classe, a Neli, me falou ‘olha, eu juntei a Carol e a Isabela (que era a outra menina da nossa sala) e a gente quer montar uma sociedade. Você topa Fabi?’. Eu topei na hora. A gente não tinha planos concretos, mas as coisas foram acontecendo”.

Antes mesmo do escritório ser uma realidade, Fabiana conseguiu seu primeiro projeto. “Eu tinha feito um projeto de chalé para o Hotel Toriba no Job Training, então já conhecia as pessoas de lá. Quando fui viajar para o hotel, me ofereci para fazer o projeto de uma brinquedoteca que eles tinham a intenção de construir no subsolo. Fizemos uma proposta bem generosa, com permuta, e esse terminou sendo o primeiro o primeiro trabalho do nosso escritório. Me formei em dezembro e março já encarei esse projeto junto com as meninas. Então eu atribuo essa primeira oportunidade ao Job Training, com certeza, porque isso que fez com que eu tivesse a oportunidade”, afirma.

Vencedora Prêmio destaques 2020 do Polo da Granja e com projetos elogiados por revistas especializadas, Fabiana conta que o que aprendeu na escola Panamericana é, até hoje, a base de seu trabalho. “Aprendi que design não é você só por coisas no lugar, é criar ligações entre objetos que façam sentido, que deem unidade. Esse conceito da unidade me marcou muito. A questão do desenho de marcenaria, a coisa das soluções, da funcionalidade além da beleza, de trazer unidade para o ambiente são os pontos fortes do nosso trabalho. Então eu acho que essas foram aulas que me marcaram e que eu carrego comigo. Onde passo eu aplico o que aprendi ali”.

Questionada sobre que conselho daria para quem tem vontade de seguir seu caminho e fazer uma transição de carreira, Fabiana falou sobre a importância de acreditar: “Eu diria para se planejar um pouquinho. Fazer coincidir as duas coisas, fazer o curso durante a transição. Quando você planeja que você vai sair daquele trabalho fica mais leve. Eu acho que tem que acreditar. Eu passei a conseguir a trabalhar com isso à medida que eu fui acreditando. Eu me empenhei muito no curso, então eu acho que tem que fazer o curso acreditando que aquilo não é um passatempo. Hoje eu amo o que eu faço. Eu amo. Às vezes eu peco pelo excesso e acabo sendo dona de restaurante. Levo o suquinho na mesa. Mas a coisa mais deliciosa é transformar a vida das pessoas transformando espaços. Eu acho que eu faço diferença no viver das pessoas, naquela realidade. As pessoas viverem felizes dentro daquele espaço que eles têm, não tem preço para mim. Valeu muito a pena!”, finaliza.


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