Conheça um pouco da história do MASP, o museu mais famoso de São Paulo

Com mais de 70 anos de existência, o museu reúne o mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul 

Um dos principais pontos artísticos da capital paulista, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, mais conhecido como MASP, foi transferido para a atual sede na avenida Paulista, com icônico projeto de Lina Bo Bardi, em 7 de novembro de 1968. Sua história, porém, teve início muito antes disso.

Originalmente instalado na rua 7 de Abril, no centro da cidade, o museu privado sem fins lucrativos foi fundado em 1947 pelo empresário Assis Chateaubriand. Primeiro museu moderno do Brasil, o MASP nasceu ocupando o segundo andar do edifício dos Diários Associados e em pouco tempo se expandiu, tomando novos andares e incorporando exposições sobre cinema e teatro à sua programação. A ideia de viabilizar o museu paulistano tinha como mote atrelar crescimento e modernidade à uma imagem de cidade que se industrializava.

A fundação de espaço com a proposta de questionar o tradicional modelo europeu de museu causou grande impacto no meio cultural paulista, na época pautado pelo tradicionalismo de instituições como a Pinacoteca do Estado e o Museu Paulista. Cerca de uma década depois, com a contundente repercussão e grande interesse da sociedade paulistana pelo museu dirigido pelo crítico e marchand italiano Pietro Maria Bardi, ainda adaptado aos limites de um edifício não voltado a tal fim, tornou-se necessária a criação de um projeto especificamente pensado para abrigar a coleção de obras do MASP.

Lina Bo Bardi, que já havia sido responsável pela adaptação do edifício dos Diários Associados para abrigar as atividades do MASP, foi incumbida da criação do projeto do museu como o conhecemos hoje. Desde a escolha da localização privilegiada com vista espetacular na Avenida Paulista, até a criação da estrutura arquitetônica com base no uso do vidro e do concreto, que concilia superfícies ásperas e sem acabamentos com leveza, transparência e suspensão, tudo foi pensado de maneira a romper com a noção clássica de museus. A ideia era fazer do MASP um museu popular, com acesso irrestrito, reforçando seu caráter atemporal. 

A construção do MASP onde ele se encontra hoje durou cerca de 12 anos. Para não obstruir a vista da Avenida Nove de Julho para o centro e a Serra da Cantareira – exigência feita para que o terreno onde o museu foi instalado fosse doado à Prefeitura de São Paulo -, Lina Bo Bardi projetou o famoso vão livre abaixo do museu elevado vazado sustentado por quatro pilares, de onde é possível ver a paisagem do entorno da Avenida Paulista. O vão livre de cerca de 70 metros de extensão é até hoje um marco na região, sediando diferentes tipos de encontros e agrupamentos e persistindo ainda hoje como um dos pontos estratégicos às manifestações políticas e culturais em São Paulo.

Mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul, a coleção do MASP reúne atualmente mais de 11 mil obras, incluindo pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos, abrangendo a produção europeia, africana, asiática e das Américas. Boa parte do acervo foi reunido por Pietro Bardi entre os anos de 1947 e 1952, em suas viagens pessoais para a Europa pós-guerra. Em grande parte destas viagens, o crítico de arte era acompanhado por Chateaubriand, fundador do museu.

As primeiras obras adquiridas para a coleção foram essencialmente de renascentistas italianos, como Botticelli, Perugino, Tintoretto, além de uma tela de Francisco Goya, um El Greco e obras de pintores modernos como Chagall e Marx Ernst. Nos anos 1950 o acervo cresceu bastante com o acréscimo de uma representativa coleção de impressionistas, com nomes como Manet, Degas, Renoir, Van Gogh, Cézanne, além de Picasso, Matisse. Na época, como estratégia de divulgação, o Masp iniciou uma itinerância internacional e, logo na primeira abertura, em Paris, a recepção positiva de sua mostra possibilitou novas aquisições. Ao longo do trânsito entre museus na Europa, a coleção ganhou dezenas de novos exemplares.

Hoje, além da mostra de longa duração de seu acervo em transformação na pinacoteca do museu, realiza-se ao longo do ano uma ampla programação de exposições coletivas e individuais que se articulam em torno de eixos temáticos, sempre com a missão de estabelecer, de maneira crítica e criativa, diálogos entre passado e presente, culturas e territórios, a partir das artes visuais. Diverso, inclusivo e plural, o MASP segue seu caminho em busca constante por ampliar, preservar, pesquisar e difundir seu acervo, bem como promover o encontro entre públicos e arte por meio de experiências transformadoras e acolhedoras.

Gostou? Compartilhe!