Aprender faz bem para o cérebro em qualquer idade

Pesquisas derrubaram a premissa de que a idade pode influenciar negativamente a capacidade de aprendizagem e comprovaram que estudar estimula as atividades cerebrais em qualquer momento da vida. 

Aos 74 anos, Mário Araújo se formou em administração, em uma faculdade de Campo Formoso, cidade da região norte da Bahia. Amante da leitura e da educação, o idoso contou ao “G1” que resolveu entrar na faculdade para realizar seu sonho de ter um diploma de nível superior e também para incentivar o filho caçula, que havia trancado a matrícula, a voltar a estudar. Histórias como a de seu Mário são inspiradoras e têm se tornado cada vez mais comuns nos últimos tempos, porque as pessoas estão superando os preconceitos sobre a existência de uma “idade certa” para aprender.  

Há algumas décadas, os cientistas acreditavam que o desenvolvimento do cérebro humano durante a infância determinaria mais ou menos a estrutura que ele teria para o resto da vida de cada indivíduo. Porém, o que se descobriu recentemente é que na verdade o cérebro é o órgão do corpo que menos envelhece e que ele vive em constante evolução.

Um estudo feito pelos neurocientistas ingleses Hugo Spiers e Eleanor Maguire, do Instituto de Neurologia do University College em Londres, em 2000, comprovou que, ao contrário do que se imaginava até então, o cérebro humano não para de se transformar. O experimento feito com taxistas concluiu que enquanto estivermos aprendendo algo e vivendo novas experiências estimulantes, nossas operações cerebrais seguem se desenvolvendo, se modificando e se moldando de acordo com os incentivos que recebem. A capacidade do cérebro de continuar sempre evoluindo e formando novas conexões neurais é chamada de neuroplasticidade ou plasticidade neural.

Outro experimento, realizado por um grupo de cientistas em 2010, se aprofundou na questão de neuroplasticidade por meio de um estudo com dois grupos diferentes: um de jovens adultos entre 21 e 30 anos, e outro de idosos entre 65 e 80 anos. Após seis meses de pesquisas, os profissionais constataram que não havia “nenhuma diferença relevante relacionada à idade em relação a plasticidade da microestrutura da matéria branca do cérebro”.

Além de constatar que a idade não afeta significativamente a capacidade de aprendizado do cérebro, a ciência descobriu que estudar e viver experiências novas e instigantes aumenta o número de sinapses cerebrais. Um grupo de estudantes chineses adultos foi testado em 2012. Eles tiveram suas atividades cerebrais monitoradas durante nove meses em que se mantiveram aprendendo coisas novas. Esse estudo apontou uma “melhora na integridade da matéria branca do cérebro”, que é o que conecta células neurais.

Outra pesquisa recente, feita com um grupo de militares e publicada no jornal sueco jornal “NeuroImage”, também concluiu que eles de fato tiveram um aumento no tamanho do hipocampo – área do cérebro fundamental para formação e armazenamento de memórias – depois de passarem três meses fazendo um curso intensivo de aprendizado de línguas.

Resumindo: é cientificamente comprovado que aprender coisas novas é uma forma de estimular as atividades cerebrais, aumentando a quantidade sinapses, independentemente da idade. O aprendizado é uma conexão física que acontece no cérebro, e o exercício de aquisição de conhecimento pode mudá-lo completamente. A estimulação cognitiva é muito importante para que este órgão esteja preparado para se adaptar às exigências do meio. Aprender faz bem para sua saúde cerebral em qualquer fase da vida e pode ser um importante agente de transformação.

Além de proporcionar uma melhora considerável na qualidade de vida, fazer um curso para desenvolver uma habilidade que você sempre almejou pode te ajudar a dar upgrade na sua carreira, ou até mesmo iniciar seu caminho em uma nova profissão. Manter-se atualizado e criativamente ativo é uma demanda crescente do mercado de trabalho em todas áreas. Portanto, estar disposto a adquirir novos conhecimentos é sempre valioso para qualquer profissional.

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