Aprender a desenhar é prática

Somos todos capazes de desenvolver a habilidade de nos expressar por meio de desenhos pela prática e, com ela, qualquer talento pode ser lapidado 

A história do desenho se confunde com a história da humanidade. Desde a pré-história, os homens primitivos já usavam pinturas rupestres como forma de expressão, facilitando, assim, a comunicação e até o desenvolvimento das linguagens verbais faladas e escritas. Só depois de muitos séculos, o desenho passou a ser utilizado de formas diversas, ganhando status de arte.

As crianças costumam comunicar seus pensamentos e sentimentos por meio de desenhos, por mais simples que sejam eles. Desenhar durante a infância é um importante recurso cognitivo de reconhecimento e identificação da realidade. O uso da linguagem gráfica como meio de representação expressiva é inerente ao ser humano, independentemente da qualidade dos traços que dão forma ao pensamento.

De acordo com pesquisadores da University College London (UCL), a habilidade de um indivíduo para desenhar de forma realista depende fundamentalmente de três fatores: a forma como ele percebe a realidade, sua memória visual e os elementos que escolhe desenhar. Porém, embora algumas pessoas possam realmente ter predisposição para desenhar melhor que outras, os cientistas garantem que qualquer um pode desenvolver tal habilidade a qualquer momento, melhorando seus processos mentais por meio da prática.

Outra pesquisa, feita pelo Brooklyn College e Centro Universitário da City University of New York, concluiu que pessoas que têm maior dificuldade para desenhar nem sempre veem o mundo como ele realmente é, percebendo de maneira distorcida aspectos como o tamanho aparente, a forma, a cor e o brilho dos objetos. No entanto, o olhar e a percepção visual também são capacidades que podem ser treinadas e aprendidas por meio de técnicas de desbloqueio e práticas de observação.

Grandes artistas, como Michelangelo, Picasso e Da Vinci, não aprenderam a desenhar do dia para a noite. Por amor à arte, Michelangelo abandonou a escola aos 13 anos para trabalhar como discípulo do pintor Domenico Ghirlandaio e estudou muito durante toda a sua vida antes de pintar os famosos afrescos da abóboda da Capela Sistina, no Vaticano. Picasso era filho de um pintor amador e professor de artes que o ensinou desde cedo a desenvolver suas habilidades artísticas. Mesmo assim, o pintor espanhol fez questão de frequentar uma escola de artes e trabalhou muito antes de se tornar um dos artistas mais influentes do século 20. Leonardo da Vinci foi aceito na oficina de Andrea del Verrocchio aos 14 anos, passando a ser seu aprendiz, para, mais de 30 anos de experiência depois, pintar obras como a Mona Lisa e A Última Ceia.

Foi o talento que fez desses grandes artistas exponenciais da arte mundial. Entretanto, é fundamental ressaltar que o talento, como definido no dicionário, nada mais é que uma “aptidão ou capacidade que pode ser inata ou adquirida”, ou seja, é uma qualidade que pode sempre ser conquistada. Afinal, se a capacidade de desenhar fosse uma dádiva – e não prática –, nenhum dos artistas citados precisaria ter se esforçado tanto para desenvolver suas habilidades durante toda a vida.

Um estudo apresentado recentemente em um simpósio na Columbia University confirmou que praticar o desenho melhorou significativamente as habilidades de todas as pessoas avaliadas pelos pesquisadores ao longo do tempo. Portanto, é cientificamente comprovado que todos podemos aprender a desenhar e até nos tornar grandes desenhistas, mesmo que não acreditemos ter nascido com tal propensão. Qualquer pessoa está apta a aprender a desenhar, basta ter força de vontade, paixão, determinação e disciplina para praticar e desenvolver tal habilidade.


 


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