Animação e games: um mercado em ascensão


Responsáveis por criar histórias por meio da animação e do game design, os designers de animação têm visto sua profissão ser cada vez mais valorizada dentro e fora do Brasil 

Quando falamos em animação, a maioria das pessoas pensa automaticamente em desenhos animados, sem perceber que o mercado é bem mais amplo e rentável do que se imagina. Além de ser base dos games, a animação também é usada com frequência na criação de webséries e aplicativos e na produção para canais do YouTube. Principalmente por conta dos avanços tecnológicos e da popularização dos aplicativos para dispositivos móveis, o mercado de animação digital e games vem crescendo gradativamente e movimentando cada vez mais dinheiro no país.

Graças a algumas leis de incentivo à cultura e à lei da TV paga, que estabeleceu cotas obrigatórias de programação brasileira nos canais de TV por assinatura, a produção de conteúdo de animação aumentou muito no Brasil nos últimos anos.

Desde 2016, os editais de cinema do BNDES incluem entre os projetos contemplados curtas-metragens de animação. Já os longas-metragens do gênero vêm sendo contemplados desde 2013. Além disso, o Fundo Setorial do Audiovisual, um dos principais mecanismos de fomento à produção brasileira audiovisual, já investiu mais de R$ 109 milhões em produções de animação desde sua implantação, em 2007.

Além dos altos investimentos dentro do país, a internet torna possível a exposição internacional de animadores brasileiros e a conexão com estúdios de outros países, que cada vez mais valorizam o trabalho dos profissionais do Brasil.

No ano passado, a 42ª edição do Festival de Cinema de Animação de Annecy, na França, prestou homenagem ao Brasil. A presença de diversas animações nacionais no festival, que é a mais importante vitrine da animação mundial, é reflexo do crescimento do mercado brasileiro no setor. Nos últimos dez anos, por exemplo, a produção de animação no país pulou de duas para 44 séries do gênero.

Um estudo feito pelo BNDES, divulgado também no ano passado, mostrou que as animações ganharam mais espaço no mercado de produções audiovisuais e movimentaram cerca de R$ 4 bilhões no período no Brasil. Nesse montante, estão inclusas produções em plataformas de streaming (VOD), animações para uso corporativo e publicidade em TV paga, cinema e as animações embutidas em games.

Outra boa notícia para quem pensa em entrar no mercado é que, no fim do ano passado, o extinto Ministério da Cultura (MinC) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) lançaram uma nova política de games que, pela primeira vez, contemplará projetos de realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR), entre outros. No total, deve-se investir este ano R$ 35,25 milhões, disponibilizados pelo FSA na produção e comercialização de jogos eletrônicos no Brasil, e outros R$ 10 milhões destinados a empresas aceleradoras, totalizando um investimento de mais de R$ 45,25 milhões no setor.

Todo o investimento na indústria de games tem razão de ser. Dados recentes do Global Games Market Report 2018 e da consultoria Newzoo confirmam que o Brasil ocupa atualmente o 13° lugar no ranking de países que mais geraram receita no setor, com estimativa de movimentar US$ 1,5 bilhão apenas em 2018.

Em 2019, graças ao projeto Brazilian Game Developers, criado em parceria pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pela Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames) com o objetivo de desenvolver e promover a indústria nacional de games no exterior, o Brasil teve participação recorde no Kidscreen Summit 2019, considerado um dos mais importantes eventos para a indústria do entretenimento infantil no mundo. A participação brasileira no evento, que aconteceu entre 11 e 14 de fevereiro, contou com 36 produtoras, 47 representantes, 73 produções e 100 projetos.

Vale ressaltar que a tendência de crescimento da indústria de animação e games não é apenas nacional, e sim mundial. Nos últimos anos, as receitas do setor já ultrapassam as da produções cinematográficas em todo o mundo e devem chegar a US$ 128,5 bilhões em 2020.

No Brasil, a expansão do segmento fez o número de empresas que apostam no setor crescer mais de 182% nos últimos quatro anos. Consequentemente, a busca por profissionais com formação voltada para o mercado de games e animação disparou, aquecendo o mercado de trabalho e transformando a carreira de designer de animação e games em uma das mais promissoras do mercado de entretenimento. Portanto, se você tem interesse na área e tinha dúvidas se deveria investir na carreira, já sabe que o mercado está mais do que favorável e aberto a novos profissionais capacitados e com vontade de aprender.


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