“A mágica acontece no processo e foi isso que eu aprendi na Panamericana”, conta ex-aluna

Arquiteta e designer, Mari Dabbur fala sobre a importância do curso de Design de Mobiliário para a sua bem sucedida trajetória profissional

Arquiteta por formação e artista por vocação, Mari Dabbur escolheu a Panamericana para se especializar em Design de Mobiliário. Depois de trabalhar por alguns anos no mercado tradicional de arquitetura e design de interiores, ela deixou os escritórios de arquitetura, projetos executivos e acompanhamento de obras para buscar novas possibilidades de criação e explorar interação de técnicas e materializar suas percepções transformando-as em móveis, objetos e instalações.

“Em um determinado momento, meu trabalho como arquiteta começou a não fazer mais sentido. Eu comecei a querer buscar outras formas de criação. Resolvi tentar uma caminhada diferente e larguei o escritório de arquitetura onde trabalhava. Depois de uma breve experiência desenvolvendo produtos de crochê para decoração e uma temporada de três meses morando na Espanha – onde fiz um curso muito rico de Design de Interiores, em que aprendi muito sobre o quanto o viés da arte influência nas criações – eu voltei para o Brasil decidida a estudar Design de Mobiliário”, relembra ela.

Mari já conhecia a escola e tinha amigos que haviam feito diferentes cursos: “Pra mim a Panamericana sempre foi uma referência de ser criativo. Só de passar ali na frente do prédio, você já olha e sabe que é algo diferente. Além disso, o curso estava dentro das minhas possibilidades. O tempo de duração que era o que eu almejava, já que eu não queria fazer um curso hiper longo porque já tinha feito arquitetura e design de interiores. Eu queria um curso que me agregasse conhecimento para eu continuar evoluindo no que eu estava fazendo e a Panamericana encaixou em todos os meus objetivos. No valor, na localização, no conceito da escola, no tempo do curso. Foi uma escolha certeira”.

A partir da conclusão do curso, Mari Dabbur resolveu investir no trabalho artesanal e na cultura brasileira, que foi exatamente o tema do seu trabalho de conclusão do curso. Depois de vencer o Job Training Girona Design com um projeto inspirado na cultura baiana, a designer se uniu com outras três alunas de sua turma e viajou para Minas Gerais em busca de artesãos para realizar as suas criações.

“Eu fui para Minas Gerias com o objetivo de encontrar pessoas que executassem as minhas ideias. Mas a viagem foi uma experiência tão transformadora, conhecemos tantas pessoas com trabalhos tão incríveis, que eu entendi que o meu trabalho no Design de Mobiliário não seria achar pessoas para executar as minhas criações. O que eu fiz foi comprar o trabalho desses artesãos e meu desafio passou a ser criar peças que conversassem com o trabalho deles, sem que eu os alterasse. Eu comecei a criar uma estrutura para abraçar o trabalho do outro”, relembra.

Foi durante essa viagem que nasceu a ideia da poltrona Meada, um dos trabalhos de design mais importantes de Mari Dabbur: “A primeira das artesãs que conhecemos durante a viagem trabalhava com tingimento artesanal. Quando nós fomos encontrá-la, a casa dela estava toda envolvida por fios pendurados. Estava lindo, os fios estavam num degradê incrível de cores de tingimento natural. Na hora eu decidi que eu precisava criar algo com aquilo. Depois eu percebi que naquele momento eu entrei em contato com as minhas origens. Eu sou descendente de libaneses, a minha família tem uma história muito forte com tecelagens e estamparia. Apesar de eu não a ter vivido diretamente, foi uma história muito bonita e forte. Ver os fios pendurados in natura, antes de se tornarem trama e vivarem tecido, me inspirou a trabalhar as minhas origens. Foi aí que eu comecei a lidar com os fios e criei a poltrona Meada”.

A poltrona Meada circulou por algumas lojas no Brasil sem ser vendida, antes de ser levada para a França e ser arrematada no Leilão DESIGN+ART do Brasil: “A venda no leilão francês foi uma experiência muito legal, que aconteceu num momento de desespero. O meu caminho estava muito difícil, eu não estava conseguindo ganhar nada com o meu trabalho e a conta não estava fechando. Eu tinha tido problemas com os protótipos de uma exposição que eu havia participado. Eles não ficaram prontos para a venda. Então eu estava achando que não dava pra seguir, eu não tinha dinheiro para reformulá-los, então era um momento de quase desistência. Com a poltrona arrematada, eu consegui terminar os produtos que não haviam ficado prontos e, com eles, participei de uma importante feira de design de mobiliário. Ali eu decidi continuar”.

Foi durante a feira de mobiliário que a trajetória de Mari Dabbur se transformou mais uma vez. “Eu havia criado uma intervenção com fios, que fazia alusão a história dos produtos que eu estava expondo, para o fundo do meu estande. A intervenção chamou muito atenção, ao mesmo tempo em que a participação das peças na feira não estava trazendo o resultado que eu esperava. Uma das pessoas que passou no meu estande trabalhava em um escritório de arquitetura e me convidou para fazer uma intervenção com fios em um projeto de uma loja modelo de uma clínica de recuperação capilar. Eu topei! Pesquisei materiais, criei o conceito, e montei uma apresentação. Eu fiz um trabalho que eu nunca tinha feito. Aquele momento foi quase uma conclusão dessa jornada e desse potencial de criação, de traduzir significado e conceito em uma construção. Conforme fui desenvolvendo aquele trabalho, eu fui entendendo o que eu estava fazendo. Foi ali que eu criei o que eu chamo de design de intervenção. Hoje, a maior parte do meu trabalho é direcionada para ele”. 

Depois de criar o conceito de design de intervenção, Mari Dabbur desenvolveu um trabalho para um dos ambientes da Casa Cor e começou a trilhar um caminho de desenvolvimento de projetos coorporativos no mesmo sentido: “O design de intervenção não é uma criação aleatória, ele sempre parte de um tema ou de uma linguagem que já existe. Quando eu comecei a direcionar o meu trabalho, eu percebi os efeitos dessas intervenções. Aí eu comecei a levar o meu trabalho para ambientes comerciais. Porque eu não queria atingir só uma pessoa. Eu queria atingir o maior número de pessoas com o significado e o conceito de cada intervenção, além de influenciar o trabalho e o dia a dia delas. Direcionar meu trabalho para ambientes coorporativos era comercialmente mais viável para mim. Foi muito bom porque eu encontrei muito espaço para começar a desenvolver as intervenções baseadas no branding de cada empresa, na comunicação visual, ou no espaço físico. Como sou arquiteta, eu juntei todo o meu know-how de design e construção. Eu faço todas as etapas, desde a criação até a construção e entrega. Durante esse caminho eu fui entendendo que o propósito do meu trabalho é conectar pessoas a novos significados”.

Com a chegada da pandemia, a arquiteta teve diversos projetos de design de intervenção cancelados e precisou se reinventar novamente. Durante uma palestra que foi ministrar para os alunos da Panamericana, ela conheceu outra ex-aluna da escola, que estava em busca um caminho de diferentes matérias para desenvolvimento de produtos. Do encontro, nasceu uma nova parceria que levou a artista de volta para o mundo da arquitetura.

“Antes da pandemia, eu tinha feito uma palestra na Panamericana para contar a minha trajetória e falar sobre como a riqueza e a autenticidade do curso me fizeram encontrar um caminho completamente diferente do Design de Mobiliário, mas que ainda assim era criativo e focado no desenvolvimento de projetos. Foi ali que eu conheci uma arquiteta que me chamou para desenvolver uma intervenção para a fachada de uma casa que ela iria construir. Mais uma vez eu criei o conceito, montei uma apresentação e ela terminou me convidando para desenvolver junto com ela o projeto inteiro da casa”, relembra ela.

“No final das contas, o mesmo motivo pelo qual eu me afastei da arquitetura foi o que me trouxe de volta para a arquitetura. Hoje eu tenho novas possibilidades de criação em uma escala maior. Eu sigo fazendo design de intervenção, a criação de conceito, a valorização do processo, isso é apresentado para o cliente. Mas eu saí do design de mobiliário, fui para o design de interiores com o design de intervenção e hoje eu trago toda essa bagagem para arquitetura. Os mesmos conceitos de criação que eu desenvolvia para o design de mobiliário, hoje eu aplico para projetos muito maiores”, explica.

Do curso de Design de Mobiliário, a arquiteta e designer guarda as melhores lembranças: “Tive uma experiência incrível na Panamericana. O Ricardo, professor do curso, me ensinou coisas que eu trago imensamente para o meu trabalho. A valorização do processo de criação para você conseguir chegar num resultado final autêntico e todo o conceito da Panamericana é uma riqueza imensurável para a minha trajetória. Mesmo não trabalhando com Design de Mobiliário diretamente, mesmo eu tendo reinventado todo o meu caminho, essa consciência do sair da zona de conforto para criar algo realmente bacana, isso é uma coisa que eu aprendi no curso e que o Ricardo trouxe com muita força nas aulas. Realmente foi uma experiência muito especial”.

Hoje, Mari Dabbur credita sua confiança para seguir em frente por diferentes caminhos ao aprendizado que teve na escola: “No fim, tudo o que eu valorizo e me dá confiança para me aventurar por novos e desafiadores projetos é porque existe um processo e a confiança no processo de que a criação. Isso quem me trouxe foi o curso da Panamericana. O aprendizado do processo criativo me acompanha em tudo o que eu faço. Dos menores aos maiores projetos. A mágica acontece no processo e foi isso que eu aprendi na escola.

Realizada, a designer e arquiteta conta que encontrou todas as respostas em seu caminho e aconselha as pessoas a desfrutarem dos processos: “Eu costumo dizer que quando tudo faz sentido, não faz sentido não seguir adiante. Quando você vê que tudo está te levando por um caminho que faz sentido para a sua história, para quem você é e para o que você acredita, você precisa se lançar de alguma forma, você tem que mergulhar no processo. O fim é um êxtase que passa. Então quando você aprende a desfrutar do caminho você vai encontrando todas as respostas e isso vai te dando confiança. Os altos e baixos fazem parte do processo e a experiência faz você aprender a lidar com o “frio na barriga” de cada nova oportunidade. Além do processo criativo, a busca pelo autoconhecimento é fundamental. O processo nunca acaba, mas eu hoje sou muito mais confiante de que eu estou no caminho certo”, finaliza a designer e arquiteta.

 

 

 

Gostou? Compartilhe!