A relevância da moda para a sociedade

Muito além da frivolidade associada ao consumismo, a moda se relaciona com a necessidade humana de expressar individualidade e conta a história da humanidade através dos tempos

Avaliada em 3 trilhões de dólares, a indústria global da moda representa 2% do PIB mundial, de acordo com dados da plataforma internacional B2B FashionUnited. A indústria, que emprega mais de 57 milhões de pessoas só nos países em desenvolvimento, é vital para atender as nossas necessidades básicas de proteção do corpo contra o frio e contra elementos ou organismos que podem ser prejudiciais à saúde. Dentre os incontáveis tipos de produtos disponíveis aos consumidores nos mercados do mundo todo, as roupas são algo que todos consomem e usam de alguma forma. Mas a importância do setor para sociedade vai muito além de ser a segunda maior atividade econômica mundial em relação à intensidade de comércio. A moda é um fenômeno sócio-cultural.

Desde antes da existência das civilizações modernas, durante a chamada Idade da Pedra, a necessidade de se cobrir para combater o frio se tornou um aspecto cultural que já determinava as diferenças entre ordens, que mais tarde se transformariam em classes sociais. O homem pré-histórico usava as peles de animais e adornos também como forma de se exibir e mostrar seu poder e status. Se observarmos museus de moda pelo mundo inteiro, perceberemos claramente que eles funcionam como uma espécie de documentação social, porque a moda expressa as mudanças dos valores da sociedade através do tempo.

Exatamente por criar linguagens, transformar comportamentos e alterar a forma de expressão da humanidade, a moda ganhou espaço no meio acadêmico e passou a ser considerada uma ciência humana. Hoje em dia, diversas pesquisas no mundo todo se aprofundam em assuntos como mercado, consumismo e as diversas formas de interpretação sobre a vestimenta como ferramenta de comunicação.

O que as pessoas vestem todos os dias, mesmo quando não fazem esforço para fazer tais escolhas, pode ter inúmeros significados psicológicos, sociais e culturais. Mesmo que inconscientemente, a roupa que escolhemos usar é inevitavelmente expressão da nossa cultura, identidade e estilo de vida. “O vestuário fala”, como afirma Umberto Eco em seu livro “Psicologia do Vestir”, e, portanto, a forma como nos vestimos influencia os nossos processos de comunicação. Muitas pessoas se recusam a admitir que a suas roupas podem comunicar algo, mas até quem faz questão de ignorar e desdenhar do universo da moda transmite uma mensagem clara ao se vestir: a de que não faz questão de se importar e prefere se colocar à margem. Fatalmente, querendo ou não, a moda sempre será ferramenta de expressão individual e social.

Apesar de ser considerada efêmera e fútil por uma parcela da sociedade moderna, a moda é parte constante da existência da humanidade e um campo importante da nossa cultura. Ela reflete gerações e épocas, estabelecendo vínculos com os pensamentos em voga, com as descobertas científicas e evoluções tecnológicas, e com as características históricas de cada momento. Além de ajudar na construção da identidade individual das pessoas, visto que a roupa também funciona como um instrumento de inserção em contextos sociais, o vestuário acompanha todas as transformações e interações sociais, e os processos históricos da raça humana, podendo ser estudado em nível sociológico e antropológico para ajudar a explicar comportamentos e contar a história da humanidade.

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