Pessoas com repertório cultural mais vasto são mais criativas, desenvolvem melhor a capacidade de leitura crítica da realidade e possuem formação humana mais ampla
Chamamos de repertório o conjunto de conhecimentos, ideologias e vivências registradas no cérebro de cada indivíduo. Diante de um problema, todos nós acessamos esse banco de dados para tentar encontrar uma solução apropriada. É a partir das informações que temos armazenadas no cérebro que ele faz novas conexões, criando assim novas sinapses. Nossas experiências, todas as coisas que já lemos, vimos, ouvimos, vivemos e aprendemos, abastecem nosso repertório, interferindo diretamente na nossa visão de mundo, nos nossos interesses e na nossa capacidade criativa.
Não é à toa que a Base Nacional Comum Curricular exige a valorização e fruição de diversas manifestações artísticas e culturais e a participação dos alunos do ensino fundamental em práticas diversificadas de produção artístico-cultural. Entre as competências estabelecidas pelo documento, a 3ª determina como fundamental que os estudantes conheçam, compreendam e reconheçam a importância das artes e da cultura para se tornarem capazes de se expressar e atuar por meio das artes. Ampliar o repertório cultural contribui para o desenvolvimento das habilidades dos indivíduos e possibilita que eles façam associações singulares e vivenciem a sociedade de maneiras diferentes.
Em um mundo em que a criatividade se tornou fator crucial para o sucesso profissional em qualquer setor, ter um bom repertório é condição ‘sine qua non’ para que nos tornemos bem-sucedidos. Aumentando nossa bagagem cultural e a quantidade de vivências que temos guardadas no nosso cérebro, nos tornamos mais capazes de resolver quaisquer questões que exijam senso crítico e conhecimento da realidade.
Um estudo feito pelo neurologista Kenneth M. Heilman concluiu que o aumento de repertório e de conhecimento em diversas áreas é fundamental para que nos tornemos criativos e para o desenvolvimento dos nossos talentos. Resumindo, a criatividade de cada indivíduo é proporcional ao seu repertório, afinal, a mente não pode criar novas conexões entre dados que não existem.
O cérebro humano funciona analisando o meio, absorvendo dados, criando conexões e gerando significados. Consequentemente, se o alimentamos com os dados repetidos ou simplesmente não o alimentamos, obteremos sempre os mesmos resultados e não o desenvolveremos. É a existência de um rico banco de dados que aumenta expressivamente as possibilidades de significativas reorganizações de informações no nosso cérebro.
Pessoas com maior repertório cultural são mais capazes de fazer uma leitura crítica da realidade e possuem formação humana mais ampla. Portanto é fundamental nos dedicarmos a novas experiências, que podem incluir leitura, filmes, músicas, trocas de ideias, cursos, viagens, relacionamentos e tudo mais que nos proporcione novos conhecimentos e reflexões. Quando investimos em atividades culturais nosso cérebro recebe informações diferentes, passamos a conhecer novos pontos de vista, novas narrativas e entramos em contato com diversos modos de vida. Um repertório cultural vasto é primordial não apenas profissionalmente, para agregar cultura a seu trabalho, mas também para que nos desenvolvamos como seres humanos e nos tornemos capazes de interpretar melhor a realidade.