Ex-aluno da Panamericana, Benjamin Yung Junior é o novo co-CEO da DPZ&T

Benjamin, que começou sua trajetória cursando Comunicação e Design Gráfico na escola nos anos 90, fala sobre sua trajetória de sucesso e conta como a Panamericana o ajudou durante o percurso

Ex-aluno da Panamericana, Benjamin Yung Junior assumiu recentemente o posto de co-CEO da DPZ&T, uma das maiores e mais renomadas agências do país. Com uma longa e bem sucedida carreira, construída ao longo de 25 anos trabalhando em equipes de criação de empresas como AlmapBBDO, FCB, DM9DDB, Leo Burnett (Brasil e Itália), Pereira O’Dell (San Francisco), Loducca, Age e Y&R, o criativo também foi sócio fundador e CCO da Suno United Creators.

Nascido em uma família de profissionais do mercado financeiro, Benjamin cursou e se formou Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Ainda durante a faculdade, resolveu investir em seu sonho de trabalhar no mercado publicitário e escolheu a Panamericana para dar o primeiro passo de sua trajetória. “Quando eu me formei no colégio tinha, obviamente, uma pressão muito grande para eu seguir carreira na área financeira. Só que a minha vontade era fazer publicidade. Como a GV era período integral, eu decidi cursar Comunicação e Design Gráfico na Panamericana à noite, porque era a única escola na qual eu conseguiria conciliar as duas coisas”, conta ele.

Além da flexibilidade dos horários, a reputação da escola também pesou na escolha e Benjamin aproveitou ao máximo o tempo em que esteve no campus, fazendo outros cursos livres e workshops, além de ter complementado o curso de Design Gráfico com o de Fotografia: “Fiz Fotografia porque eu achava que era um curso que complementava muito o aprendizado de Comunicação e Design. Na época não existiam redes sociais, o digital estava começando ainda, então eu acreditava que para se trabalhar no mercado de Publicidade, esse olhar da fotografia era algo super importante”.

“A infraestrutura da Panamericana sempre foi muito boa. Mesmo nos anos 90, a escola já tinha um ótimo laboratório de computação gráfica, o que para mim foi um dos diferenciais. Eu gostava muito da aura da Panamericana. Junto com os cursos de Comunicação e Fotografia, eu terminei fazendo alguns workshops de desenho, de pintura, de nu artístico. Eu estava sempre aproveitando tudo o que estavam acontecendo lá para complementar a minha formação”, relembra.

Despois de fazer um estágio relacionado à área de Administração na antiga Unilever, Benjamin conseguiu seu primeiro emprego na área de Publicidade em uma pequena agência no seu último ano de faculdade, quando já havia concluído o curso de Comunicação e Design Gráfico e estava cursando Fotografia na Panamericana: “Todo esse conhecimento técnico e de softwares que eu aprendi na Panamericana me ajudou bastante a conseguir um estágio muito rápido e a crescer nessa primeira agência em que trabalhei. Em pouco tempo eu já estava efetivado como diretor de arte lá”.

Apesar de ter sido rapidamente bem sucedido em seu primeiro emprego, Benjamin se sentia estagnado e resolveu investir ainda mais em conhecimento para tentar abrir portas em agências maiores: “Meu irmão morava em San Francisco, e eu fui morar um tempo com ele para fazer um curso na Academy of Art College. Eu tinha oportunidade de morar com ele e o curso pago, mas eu poderia ficar lá por seis meses apenas e tinha que aproveitar o máximo desse tempo. Então, como eu não tinha computador em casa, eu criei uma rotina de fazer as aulas durante o dia e de noite ficar no laboratório de computação em que eram feitos os cursos de Computação Gráfica e de Animação. Eu virava a noite trabalhando no meu portfólio”

O esforço valeu a pena e quando voltou ao Brasil, Benjamin conseguiu um estágio na Young & Rubicam, onde manteve o hábito de virar noites investindo em seu portfólio: “Como eu era estagiário, eu tinha a pior máquina da agência, um Apple caindo aos pedaços, lento pra caramba. Então eu acabava nem usando o computador, eu passava o dia só pensando. Só quando todo mundo ia embora que eu descia para o estúdio de finalização da produção gráfica para usar as máquinas deles que eram muito mais rápidas para ‘layoutar’. Às vezes eu trabalhava até com duas máquinas ao mesmo tempo, deixava uma imprimindo e a outra fazendo outras coisas, para poder chegar no dia seguinte e mostrar para o diretor de criação um monte de ideias prontas. Isso foi bom porque me ajudou a me desenvolver mais rápido”.

Foi ali na Young & Rubicam que o criativo começou a prestar atenção na importância das premiações no mercado publicitário e decidiu investir nisso para ganhar visibilidade: “Eu botei na cabeça que precisava ser um Young Creator e comecei a trabalhar para construir um portfólio que me levasse a esse objetivo. Em 2001, eu finalmente consegui e isso de fato alavancou muito minha carreira, a partir dali eu comecei a ganhar diversos outros prêmios de propaganda e apareci para o mercado. Isso foi abrindo diversas portas”.

De lá para cá, Benjamin conquistou mais de 50 Leões em Cannes e 15 Effies, incluindo o Grand Effie. Em 2020, inclusive, a Suno United Creators, agência que criou ao lado de Guga Ketzer e Lica Bueno, foi eleita a Agência do Ano no Effie Awards Brasil: “Acho que na Suno nós fomos os primeiros a mudar o modelo de trabalho comum das agências de publicidade, que sempre funcionaram como uma linha de montagem. Escolhemos trabalhar de maneira muito mais integrada, eliminando posições, eliminando departamentos, fundindo as coisas, com todos trabalhando em squads desde o começo. A criação, o planejamento, a mídia, todo o mundo ficavam na linha de frente, não usando o atendimento como filtro, mas muito mais como uma cabeça de visão de negócios. Era um modelo muito diferente e deu muito certo”.

Quando recebeu o convite para trabalhar na DPZ&T, o criativo não imaginava que iria de fato aceitar o desafio. “Eu não me via na DPZ e no grupo Publicis, trabalhando no modelo tradicional. Quando os franceses me chamaram para bater um papo, eu falei isso para eles. Falei que estava feliz empreendendo, fazendo um negócio independente, com novos processos de trabalho, criando novas relações, e não me via enquadrado de novo num modelo antigo. E, aí, para a minha surpresa, eles disseram que era justamente isso que eles estavam buscando: alguém para tocar modelo de negócios diferente”, relembra.

“Durante a conversa eles me disseram que o grupo Publicis já tinha outras agências com o modelo de trabalho tradicional e que o que eles queriam era repensar a DPZ&T. Que estavam em busca de um profissional com uma visão de criatividade para liderar o negócio junto com o Fernando Diniz. A ideia era olhar a agência como uma startup, reconfigurando as coisas, repensando tudo. A experiência que eu tinha com a Suno era exatamente o que eles procuravam. Eu não esperava ouvir aquilo! Imagine ter a chance de voltar a empreender, voltar a ter uma startup, só que uma startup que já começa com a Renault, Perdigão, Petrobrás, Electrolux, Nescafé, Unilever, Ypê, Governo do Estado de São Paulo, Polenghi, Vivo e Red Bull como clientes? Enxerguei aquilo como uma oportunidade incrível de fazer trabalhos memoráveis com todo o suporte de um grande grupo”, relembra.

Hoje, à frente da DPZ&T depois de topar o desafio, Benjamin ressalta a importância de se manter atualizado e estudar sempre para acompanhar as constantes mudanças do mercado: “Eu acho que, especialmente na área de Comunicação, o mercado evolui muito. Não dá para ficar parado. Surgem sempre novas ferramentas, novas tendências, novas mídias. O jeito de se conectar com o consumidor e com o público muda toda hora. É muito importante se manter atualizado. Eu vejo profissionais que não se atualizaram e acabam ficando para trás. O mundo evolui, as pessoas evoluem, o que elas buscam hoje não é o que elas buscavam há vinte anos atrás, então os profissionais precisam sempre buscar coisas novas e diferentes também”.

“A Panamericana, por exemplo, sem dúvida nenhuma, me ajudou a desenvolver um olhar de como trabalhar com enquadramentos, luz e sombra, profundidade, que me ajuda até hoje. Ter cursado Fotografia para complementar o curso de Comunicação foi fundamental na minha trajetória. No início da carreira eu tirava algumas fotos de meus layouts e isso me ajudou a me desenvolver muito mais rápido. Eu percebia claramente como era diferente eu ter tido esse aprendizado, ter a técnica, entender de fotografia, ter esse olhar mais gráfico, em comparação com quem estava começando comigo que não tinha esse mesmo olhar”, afirma.

Questionado sobre que conselho daria para um jovem que sonha em trabalhar no mercado publicitário e está começando a trilhar seu caminho agora, com ambição de um dia chegar a sócio de seu próprio negócio ou CEO de uma grande agência, Benjamin fez questão de destacar a importância do propósito para o futuro da publicidade.

“Hoje nós nos comunicamos com uma geração que realmente busca um propósito na vida, o que é muito bonito de se ver. Eu vivi e passei por outras gerações, com outros valores, como por exemplo a geração yuppie que que tinha um objetivo de apenas ganhar cada vez mais dinheiro. Esses valores contaminaram muito o nosso mercado por muito tempo, então eu fico feliz de ver que isso está morrendo e agora a gente está valorizando o que é preciso ser valorizado que é a vida, a coletividade, a humanidade. O conselho que eu daria para a nova geração é: sejam fiéis ao propósito e se entreguem de coração a ele. Porque quando a gente faz as coisas com amor, a gente vai muito mais longe. É claro que o dinheiro é importante e necessário, mas não deve ser o objetivo principal. Se você se entrega ao que faz, você vai ser valorizado pelas coisas em que você acredita e o dinheiro será consequência. Vá atrás do que você realmente acredita. Quando a gente faz as coisas com o coração e com propósito, tudo dá muito mais certo”, finaliza o criativo.

Gostou? Compartilhe!